Sinto-te cada vez mais perto,
E por sentir isso…
Sinto-me cada vez mais incomodada, coisa que há tempos atrás
seria uma dádiva dos céus,
Seria contigo ou sem ti, com outra pessoa.
E por me sentir tão acossada penso que poderá ser carência,
entranhada em mim.
Por mais que tente pensar que é só carecimento,
Os gestos, as palavras, o toque e o beijo, dizem o
contrário.
Mas mesmo assim continuo, sem parar, a castigar-me do que se
passa ao redor de mim.
Sentindo-me desacostumada a sentir isto, um arrepio, um desconforto,
sinto um estremecer sem fim quando te aproximas, sem ter explicação.
Tenho terror de me empesgar a ti… de me entranhar na tua
pele, e depois não me conseguir libertar.
Com amor a mim, e inconscientemente eu repeli-te, não sendo
justa, ou sendo, ficas-te estranho.
Sendo o Ato Falhado, “um sintoma, tal como o sonho: um
conflito entre a intenção consciente do indivíduo e o seu inconsciente
recalcado, substituindo-se a manifestação por outra que não controla.“
Eu não consegui controlar… beijei-te, sonhei-te, toquei-te, senti-te tão
perto e deixei-me ficar tão longe.
Nada faz sentido aqui… é um conflito interior, impossível de controlar,
tenho o meu “mundo ao contrário”.
Sem saber o que fazer, eu escrevo, linhas a fio, para me encontrar, talvez?
Pois é… não sei!
Não sei nada, ainda! É um querer e não querer desproporcional, é um não
saber desconhecido, sem ponta onde se lhe pegue, perdi o fio à meada, tenho
sono.
Desfaço-me por dentro só de pensar que ao me deitar naquela cama, vou
sonhar contigo, sufoca-me só de pensar nessa probabilidade. Só porque ao
sonhar, ou pensar a ti, me estou a pegar a ti, a nada.
Porque tu és tão incerto como o tempo, como a morte. E isso corroí-me,
tantas e tantas vezes.
Deixa-me sem ar, ao imaginar que tudo isto é carência, que é mentira.
Suposições minhas, palavras, pensamentos e sonhos meus. Corroí intensamente.
E sem saber porque continuo… talvez a dizer a mesma coisa, com palavras
diferentes, mas tudo me parece tão divergente.
É um caminho sombrio, que me inala os olhos e não me permite ver a
realidade. Isto porque o teu olhar é mais profundo que os oceanos, os teus
lábios mais macios que a seda, as tuas mãos mais leves que o vento… é isto que
me assusta.
Como te sinto agora que não estás comigo, isso assusta-me… como consigo
sentir o teu cheiro, o teu beijo, o teu toque… de como me lembro de todas as
palavras, como te leio o olhar!
Como é possível isto?
Quero sair daqui… Não… quero que isto saia de dentro de mim, de dentro da
minha cabeça. Preciso focar-me noutras coisas!
Está difícil… só consigo escrever sobre ele!
MERDA!
Que se passa? Onde está a minha força?
Preciso de sentir o corpo dele no meu…
Preciso de sentir o seu toque, o seu beijo, novamente, intensamente!
MERDA!
ACABOU!
A brincadeira acabou… Nádia tens que te focar numa só coisa, e não é nele!
CHEGA!
MERDA!
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