segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Fim de Tarde

Nem todos os fins de tarde são como aquele que passei com ele.
Fui ter com ele ao metro, no seu local de trabalho onde já estava de saída, foi apenas um encontro de amigos, uma espécie de amigos “coloridos” mas foi tão bom, foi tão intenso, tão verdadeiro, tão só nosso aquele encontro.
Eu sei, eu e ele sabemos que foi um erro, não direi um erro, direi apenas uma provável alteração no destino, isto se o nosso destino não for ficarmos juntos.
Todas as pessoas, existentes naquele local, estavam com pressa para voltar ás suas casas, a corrida para o metro e para o comboio era colectiva, e o que eu mais desejava era que nunca tivesse que sair dali, estava tão bem, tão segura, tão nervosa, tão confusa, mas apesar do que estava a sentir, de tudo o que estava a sentir o que superava tudo era a minha felicidade.
Perguntei-lhe o que estava a sentir, disse-me que estava bem e mal pelo que estava a fazer, mas feliz por estar comigo e que não estava arrependido pelo que estava a fazer. Apeteceu-me dar um pulo de alegria e dar-lhe um beijo, dei-lhe o beijo e disse-lhe que também estava feliz por aquele momento com ele.
Sorrimos e começamos a falar da Débora, a namorada, eu disse-lhe que não tinha que estar ali comigo, ele disse que queria aquele momento, queria-me ali, o que estragava esta nossa felicidade era a namorada.
Mas enquanto estou com ele, quando o beijo, a única coisa que penso é nele, nos nossos beijos, nas nossas bocas a tocarem-se, nas nossas línguas a enrolarem-se, mordo-lhe o lábio matreiramente, tudo muito intenso e autêntico.
Ainda no metro, olhei-o nos olhos e vi que estava quase a chorar, perguntei-lhe o que se passava, não me deu uma única resposta e beijou-me, eu sabia o motivo daquela sua reacção, ele queria o momento, aquele nosso momento, mas a namorada “não o deixava” estar ali completo, apenas só meu, só para mim.
Estávamos apenas os dois, quer dizer nos nossos pensamentos éramos só nós.
Nós os dois naquele metro do Caís-Sodré parecíamos um casal de namorados bastante apaixonados, mas tanto eu como ele sabemos que somos uns simples amantes.

Aquele fim de tarde teve um final, como todas as histórias apaixonantes.
Não combinamos mais nada, apenas prometeu-me que não iria voltar a fugir de mim como fez uma vez no passado, no qual eu o perdoei por gostar demasiado dele.
Hoje, o dia depois de ter estado com ele, recordo aquele nosso momento, sinto falta do seu beijo, das suas mãos geladas nas minhas, sinto falta do seu forte abraço, do seu coração a bater tão rápido quanto o meu, da sua fala engraçada atrapalhada pelos piersings na língua, sinto falta dele, da presença dele.
Doeu tanto quando demos o último beijo ontem, doeu quando a porta do eléctrico se fechou e ele ficou lá fora, doeu tanto a partida.
Dói tanto quando ele não está, não o quero longe, porque gosto demasiado dele, para o deixar fugir de novo da minha vida.
O facto de estar com ele mesmo sabendo que tem namorada, faz-me pensar que sou uma desavergonhada, mas não sou a única a estar ali, ele está comigo, estamos os dois, não fazemos nada obrigados, apenas amamo-nos naquele momento, naquele momento tão só nosso, sem qualquer futuro.

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